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HISTÓRIAS

LADRILHO SÃO PAULO
2025

Se você já andou pelo centro de São Paulo, com certeza pisou (ou virou o pé) nesse piso: o famoso ladrilho preto e branco das calçadas. Mas sabia que ele tem história? Foi criado em 1966 pela arquiteta Mirtes dos Santos Pinto (Mirthes Bernardes), que venceu um concurso promovido pelo então prefeito Faria Lima. A ideia era padronizar o calçamento de São Paulo, e o desenho, que começou com um rabisco muito simples, acabou virando um clássico da cidade. Mirthes não imaginava que iria ganhar pois concorreu com arquitetos famosos da época. Mas aconteceu. E a ideia era, apesar de simples, genial. Ou genial justamente por ser simples e funcional, né? ​​​ Diferente do mosaico carioca, que tem traços mais soltos, o ladrilho paulista é mais simétrico e geométrico, seguindo o traço do mapa do estado. Feito artesanalmente com cimento, pó de mármore e corantes, ele foi adotado como modelo oficial para as calçadas paulistanas e se espalhou por ruas como a Avenida Paulista, a Rua Augusta e o centro histórico. Além de bonito, era resistente e suportava bem o alto fluxo de pedestres. ​ Com o tempo, o ladrilho foi sendo substituído por pavimentos menos icônicos, muitas vezes sem critérios de preservação. A falta de manutenção e as reformas da cidade deixaram muitos deles desgastados, quebrados ou simplesmente arrancados, como a gente vê hoje por aí. Ainda assim, há quem lute pela sua preservação, entendendo que ele faz parte da memória e da identidade de São Paulo.  ​ Hoje, o ladrilho vai além das calçadas: virou estampa de camisetas, azulejos, souvenirs e até tatuagens. No meu caso, imãs espalhados pela cidade. Um símbolo paulistano que, mesmo meio esquecido, continua contando a história da cidade debaixo dos nossos pés. Mirthes, apesar de artista plástica premiada, não recebeu nenhum centavo sobre sua criação. Infelizmente faleceu há alguns anos, mas sua criação continua ganhando vida. E da próxima vez que você passar por um desses ladrilhos, vale lembrar: ele é muito mais do que um piso, é um pedaço vivo da história de São Paulo.

LADEIRA DA MEMÓRIA
2025

No centro de São Paulo, cercada pela pressa e pelo concreto, existe um espaço que resiste (ou quase) ao esquecimento: a Ladeira da Memória, também conhecida como Largo da Memória. Criado no início do século XIX, o local era conhecido como Largo do Piques. Dá pra acreditar que até porteira São Paulo já teve? Pois teve. E uma delas ficava bem aqui. Era o principal ponto de parada dos tropeiros que chegavam do interior, trazendo alimentos, mercadorias - e, também, pessoas escravizadas. Com o Rio Anhangabaú correndo ali perto, o Largo era mais do que uma parada: era a entrada da cidade para quem vinha de longe - e a porta de um futuro desigual. Aos sábados, o Largo se transformava em um mercado, onde homens, mulheres e crianças negras eram vendidos como mercadoria. Este foi um dos primeiros palcos públicos de injustiça da cidade. Em 1814, foi erguido ali o Obelisco do Piques, considerado o primeiro monumento de São Paulo. Uma homenagem oficial a governantes da época, enquanto a memória de quem realmente construiu a cidade era deixada sem nome, sem marca, sem registro. Décadas depois, em 1919, o espaço foi reformado para as comemorações do Centenário da Independência. Foram criadas escadarias sinuosas, um chafariz e um grande painel de azulejos, obra do artista José Wasth Rodrigue, o mesmo que desenhou o brasão da cidade de São Paulo, que aparece ali pela primeira vez em um monumento público. Mas, entre brasões e símbolos oficiais, o painel também eternizou figuras de trabalhadores, tropeiros e pessoas negras. Fragmentos visíveis de uma história que, embora tentassem cobrir com ares de modernização, nunca deixou de pulsar no chão da cidade. Hoje, o Largo da Memória está esquecido, largado, invisível para a maioria dos que passam. A fonte secou. Os azulejos se quebram. O obelisco se desgasta. Mas cada pedra, cada curva da escadaria, cada pedaço de azulejo, guarda camadas de um passado que ainda molda quem somos. O Projeto Ladeira da Memória espalha pedaços desse espaço pela cidade, convidando quem encontra a lembrar, a reparar e a reconstruir. Porque a memória não é só o que se conta. É também o que se escolhe não esquecer. fontes: https://spcity.com.br/obelisco-do-largo-da-memoria-e-o-primeiro-monumento-de-sp/ https://www.paulistando.com.br/2015/12/painel-de-azulejos-do-largo-da-memoria.html https://arteforadomuseu.com.br/obelisco-do-piques/ https://saopauloantiga.com.br/largo-da-memoria/#google_vignette https://saopauloantiga.com.br/o-largo-do-piques-e-o-obelisco/ https://capital.sp.gov.br/web/cultura/w/patrimonio_historico/ladeira_memoria/8289 https://www.saopaulo.sp.leg.br/apartes/obelisco-ladeira-da-memoria-sp/ https://coletivocronicasurbanas.wordpress.com/2017/09/12/largo-da-memoria-obelisco-do-piques/

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